"Ser leve e líquido".
In: Modernidade líquida.
Zygmunt Bauman
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001, pp. 7-22
"Numa época em que a tecnologia torna próximos e presentes acontecimentosseparados por fusos horários, climas e injunções geopolíticas, as longas durações e os extensos territórios ficam obsoletos. Eles pertenciam, conforme Zygmunt Bauman, à era do hardware, ou 'modernidade pesada', em que tamanho, volume, peso, parques industriais e conquistas territoriais representavam medidas de poder. O mundo de agora valoriza a instantaneidade do software, que delineia uma 'modernidade líquida', em que prevalecem a leveza, a flexibilidade e o mínimo de estruturas, indispensáveis à volatilidade das transações financeiras eletrônicas. Os bens, em termos físicos, pesam cada vez menos, mas valem cada vez mais em termos simbólicos, sobretudo quando geram conhecimentos e inovações. Os softwares suplantaram a lógica dos lugares e esboçam uma existência à dinâmica da luz, acoplada à velocidade circulatória do capital" (Dênis de Moraes, 2004:196).
"Não podemos mais tolerar o que dura" (Paul Valéry)
Fluidez ou liquidez como principal metáfora para o estágio presente da era moderna. Mobilidade dos fluidos os associa à idéia de leveza, ausência de peso, inconstância.
Modernidade foi um processo de "liquefação", foi fluida desde o começo. "Tudo que é sólido desmancha no ar" (Manifesto comunista).
"Lembremos, no entanto, que tudo isso seria feito não para acabar de uma vez por todas com os sólidos e construir um admirável mundo novo livre deles para sempre, mas para limpar a área para novos e aperfeiçoados sólidos, para substituir o conjunto herdado de sólidos deficientes e defeituosos por outro conjunto aperfeiçoado e preferivelmente perfeito, e por isso não mais alterável" (p. 9)
"Encontrar sólidos de solidez duradoura."
"Se o tempo das revoluções sistêmicas passou, é porque não
há edifícios que alojem as mesas de controle do sistema, qu poderiam ser atacados e capturados pelos revolucionários; e também porque é terrivelmente difícil, para não dizer impossível, imaginar o que os vencedores, uma vez dentro dos edifícios (se os tivessem achado, poderiam fazer para virar a mesa e pôr fim à miséria que os levou à rebelião. Ninguém ficaria surpreso ou intrigado pela evidente escassez de pessoas que se disporiam a ser revolucionários: do tipo de pessoas que articulam o desejo de mudar seus planos individuais como projeto
para mudar a ordem da sociedade" (p. 12)."O 'DERRETIMENTO DOS SÓLIDOS', TRAÇO PERMANENTE DA MODERNIDADE, ADQUIRIU, PORTANTO, UM NOVO SENTIDO... O QUE ESTÁ ACONTECENDO HOJE É, POR ASSIM DIZER, UMA REDISTRIBUIÇÃO E REALOCAÇÃO DOS 'PROJETOS DE DERRETIMENTO' DA MODERNIDADE"
NOÇÃO DE PODER:
"O PODER PODE SE MOVER COM A VELOCIDADE DO SINAL ELETRÔNICO... EM TERMOS PRÁTICOS, O PODER SE TORNOU VERDADEIRAMENTE EXTRATERRITORIAL, NÃO MAIS LIMITADO, NEM MESMO DESACELERADO PELA RESISTÊNCIA DO ESPAÇO" (P. 18).
"AS PRINCIPAIS TÉCNICAS DO PODER SÃO AGORA A FUGA, A ASTÚCIA, O DESVIO E A EVITAÇÃO, A EFETIVA REJEIÇÃO DE QUALQUER CONFINAMENTO TERRITORIAL" (P. 18).
Exemplo da guerra.
"A elite global contemporânea é formada no padrão do velho estilo dos 'senhores ausentes'. Ela pode dominar sem se ocupar com a administração, gerenciamento, bem-estar, ou, ainda, com a missão de 'levar a luz', 'reformar os modos', elevar moralmente, 'civilizar' e com cruzadas culturais. O engajamento ativo na vida das populações subordinadas não é mais necessário (ao contrário, é fortemente evitado como desnecessariamente custoso e ineficaz) --e, portanto, o 'maior' não só não é mais o 'melhor', mas carece de significado racional. Agora é o menor, mais leve e mais portátil que significa melhoria e 'progresso'" (p. 21).
ROCKFELLER VS. BILL GATES
"É a velocidade atordoante da circulação, da reciclagem, do envelhecimento, do entulho e da substituição que traz lucro hoje -- não a durabilidade e a confiabilidade do produto" (p. 21).
"UM PODER CADA VEZ MAIS MÓVEL, ESCORREGADIO, EVASIVO E FUGITIVO... NOVA TÉCNICA DO PODER, QUE TEM COMO FERRAMENTAS PRINCIPAIS O DESENGAJAMENTO E A ARTE DA FUGA" (PP.21-22).
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