domingo, 31 de agosto de 2008

SOBREMODERNIDADE (MARC AUGÉ)



Sobremodernidade:
do mundo tecnológico de hoje
ao desafio essencial do amanhã”
MARC AUGÉ
In: MORAES, Dênis de. Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006, pp. 99-117


PRIMEIRO PARADOXO
Globalização,
uniformização,
homogeneização,
planetarização.
versus
Identidades locais,
nacionalismos,
ressurgimentos religiosos,
singularização.


“Aqui, outra vez, as opiniões podem diferir, mas no conjunto cada um pode constatar felizmente que o mundo não está definitivamente sob o signo da uniformidade e, ao mesmo tempo, inquietar-se diante das desordens e das violências geradas pela loucura identitária” (p. 100).

SEGUNDO PARADOXO
Mundo contemporâneo,
ao mesmo tempo,
unificado e dividido,
uniformizado e diverso,
desencantado e reencantado

TRÊS MOVIMENTOS
1. O passar da modernidade (sobremodernidade) – ênfase no tempo
2. O passar dos lugares (não-lugares) – ênfase no espaço
3. O passar do real ao virtual – ênfase na imagem

Max Weber (1864-1920): modernidade e desencanto do mundo
Novos mitos da modernidade.
Segundo desencanto do mundo.
a) Mitos do futuro também eram ilusões. Lyotard: ¨Fim dos grandes relatos¨
b) Triunfalismo: tema da ¨aldeia global¨ (McLuhan). Fukuyama e a noção de ¨fim da história¨ (economia de mercado + democracia).
c) Antropologia pós-moderna e a ideologia da fragmentação.



“Os teóricos da uniformização, como os da polifonia
pós-moderna, abordam fatos reais, mas o fazem mal, parece-me, ao inscreverem suas análises sob o signo do fim ou da morte: fim da História, para uns; fim da modernidade, para outros; fim das ideologias, para todos” (p. 103)

“Talvez seja o contrário, e hoje em dia soframos de um excesso de modernidade; mais exatamente (...) quiçá possamos ser induzidos a
pensar que o paradoxo do mundo contemporâneo é signo não de um fim ou de um apagamento, mas, sim, de uma aceleração dos fatores constitutivos da modernidade (...), efeitos, imprevisíveis e difíceis de analisar, de uma superabundância de causas” (104)


PRIMEIRO MOVIMENTO:
DA MODERNIDADE À SOBREMODERNIDADE
Conceito de sobremodernidade tenta pensar conjuntamente as correntes da uniformização e dos particularismos.
Ampliação e diversificação do movimento da modernidade.
Lógica do excesso:
a) Excesso de informação
b) Excesso de imagem
c) Excesso de individualismo

Excesso de informação:
Superabundância de informação e capacidade (necessidade) de esquecimento.
Acontecimentos de existência eclíptica.
Ciberespaço e prioridade do tempo sobre o espaço (idade do imediatismo e do instantâneo)
Idéia de um governo mundial (Estados Unidos como superpotência: p. 105)

Excesso de imagem?

Excesso de individualismo:
Individualização passiva (diferença do individualismo conquistador do ideal moderno).
Individualização de consumidores (papel dos meios de comunicação: riscos, tentações, tendências – p. 106)
Sentimento de solidão (internautas)
Mercado e “sensação de pensar por si próprio”

SEGUNDO MOVIMENTO:
DO LUGAR AO NÃO-LUGAR
Antropologia e o sentido de lugar: “espaço fortemente simbolizado, ou seja, é um espaço no qual podemos ler, em parte ou em sua totalidade, a identidade dos que o ocupam, as relações que mantêm e a história que compartilham” (107).
Não-lugares:
a) Espaços de circulação
b) Espaços de consumo
c) Espaços de comunicação

TERCEIRO MOVIMENTO:

DO REAL AO VIRTUAL
Duas observações:
a) Pouca clareza no uso do termo “virtual”
b) Imagem, por mais sofisticada, só é uma imagem
Características:
a) Iguala acontecimentos
b) Iguala pessoas
c) Torna incerta a distinção entre o real e a ficção (neotelevisão, segundo Umberto Eco)

Dependência à imagem
Imagem perde seu poder de mediação, impera a simulação: é como se não houvesse outra realidade além da imagem.

“...de um estado no qual a ficção se nutria da
transformação imaginária do real, passamos a um estado no qual o real se esforça em reproduzir a ficção. Sob este dilúvio de imagens, ainda fica lugar para a imaginação?” (p. 115

O autor não se diz pessimista!


1. “A primeira observação é que a sociologia real, ou, se preferirmos, a sociedade real é mais complexa que os modelos que tentam dar conta dela” (p. 115).

2. “Não se deve confundir a história das idéias nem a das técnicas com a História em si. Estejamos tranqüilos, a História continua” (p. 116).

3. “O indivíduo só é inimaginável e sua existência, impossível.
Salvo algumas exceções, os humanos não se perderão na cintilação dos meios de comunicação. (...) Sim, para o melhor e para o pior, a história continua” (p. 116).

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